Se você, assim como eu, não aguentava mais Salve Jorge e toda a falta de nexo que rolou por
sete meses, vem comigo, porque chegou novela nova. Mas aviso logo: no caso de Amor à Vida, estreia da última segunda, às 21h (mais ou menos) da Globo, o adjetivo nova não é, necessariamente, sinônimo para boa.
Na verdade, se você já assistiu a algo escrito por Walcyr Carrasco, se prepare: Amor à Vida vai
ser tudo, menos uma boa novela.
Existe certa responsabilidade nos ombros dos autores que escrevem para o horário mais
importante da tevê brasileira, mas isso não impede que alguns cometam deslizes ou façam
grandes merdas. E dessa vez não estou falando de Gloria Perez. Vamos deixar as orelhas dela
descansarem um pouco. Gilberto Braga, aquele poderoso que sempre escreve vilões incríveis
e caga o final da próprias tramas, já cometeu o pecado de fazer novela ruim às oito da noite –
naquela época novela das nove tinha nome das oito, mesmo começando as oito e quarenta e
cinco. E nada o impediu de retornar ao horário com outras histórias tão deliciosas quanto suas
vilãs apaixonantes e superar o erro cometido anteriormente.
O caso é que Carrasco assumiu pela primeira vez o horário (e olha que ele já tinha no currículo
mais novelas que João Emanuel Carneiro quando foi promovido e escreveu A Favorita, mais conhecida como a melhor novela das nove dos anos 2000) depois da bomba que foi
Morde e Assopra e da morna adaptação de Gabriela para as onze horas. Para o horário
nobre, entretanto, ele decidiu trazer todos os elementos do bom e velho folhetim. E isso não é nada ruim,
o problema é que se você não conseguia voar com Salve Jorge, a trama de Amor à Vida não vai facilitar as
coisas para você em nada.

Como início de novela no Brasil é só pra agradar a Classe C (saudades JEC), a novela de
Walcyr começa em Machu Picchu, para desespero da classe AAA. Paloma, personagem da
sempre linda Paola Oliveira, decidiu fazer a viagem de seus sonhos com toda a família para
comemorar que passou para faculdade de medicina e será, no futuro, uma médica tão boa
quanto o pai, Cesar Khoury, vivido pelo sempre ótimo Antônio Fagundes. Mas engana-se
quem acha que a essa é a primeira investida da moça em um curso superior. Paloma já havia
começado artes plásticas e advocacia, mas não terminou nenhum curso. Ou seja, percebe-se
que a mocinha dessa novela é alguém com muito comprometimento perante a vida, só que
não. Tanto é que ela se abre com o primeiro grupo de hippies que encontra pelo caminho e
já segue a vibe paz e amor de todos eles, para desespero de Pilar, sua mãe, vivida por Susana
Vieira (A.K.A. DIVA maior da televisão brasileira), que não tem um bom relacionamento com a
filha – e quem em uma situação dessas conseguiria ter?
Então vamos resumir um pouco como as coisas foram apresentadas em vinte minutos de
novela, mas colocando você, querido leitor, como primeira pessoa da ação. Imagine que você
não tem um bom relacionamento com sua mãe e sabe que ela prefere Nova York à Machu
Picchu, mas carrega a coitada para o Peru em uma bela viagem em família porque esse é o
seu sonho e seu pai faz tudo o que você quer. Não satisfeito, ainda faz com que a coitada de
sua mãe, que está odiando tudo, ande para cima e para baixo em cima de um salto bem alto.
Agora me responda, sinceramente: quem é mesmo a mocinha dessa história? Pois é.
Mas se você estava achando que faltava um conflito mais real, mais pessoal, fique sabendo
que nos primeiros quinze minutos, Paloma ouve de seu irmão, Félix (interpretado pelo ótimo,
mas ainda sem o tom certo de sua personagem, Mateus Solano) que ela é adotada. Só que a
grande sacada de tudo isso é que ele não tem total certeza disso. Ele só ACHA. Como o rapaz não se
lembra da gravidez da mãe e, para ele, a irmã surgiu do nada em sua casa, só pode
concluir que ela é adotada. Afinal, tirar a dúvida e perguntar pra quê, não é mesmo? Esse tem
que ser o mistério da novela...

Não satisfeita por acreditar na história de adoção, Paloma decide se rebelar. Só que aqui a
rebeldia de Paloma tem outros propósitos: entregar-se na mesma noite para o hippie Ninho
(Juliano Cazarré) e fugir com ele rumo ao mundo. Já que é adotada, concluir a faculdade pra
quê? E se precisar de dinheiro? Ah, colhe uma plantação, faz um artesanato. Tão básico e fácil,
não é mesmo? E mais uma vez pergunto: que mãe sentiria orgulho de uma filha assim? Pois é,
Pilar já havia levantado à bola que a menina tinha o ímpeto de começar, mas de não terminar as
coisas. Que tem fogo de palha como puta tem fogo no rabo. E isso ficou mais do que provado
só nesse primeiro dia. O detalhe maior é que tudo isso aconteceu antes de meia hora de
novela. Sim, o capítulo foi longo e Carrasco quis justificar a viagem da equipe. O que é digno para
esse povo que viaja tanto quanto Zeca Camargo.
Só que Paloma não estava satisfeita de fugir com o hippie e curtir a vida sem dinheiro. Sim,
ela precisava ter mais emoção e rebeldia na veia. Paloma precisava gravidar e quase obrigar
o namorado a voltar com ela para a casa de seus pais. Duros, sem dinheiro e paciência para
artesanatos, Ninho decide traficar drogas e assim conseguir dinheiro para as passagens de
avião. Claro que isso não daria certo, não poderia, é claro, afinal, é primeiro capítulo de novela. Mas assim que chega ao Brasil, Paloma precisa de ajuda e recorre ao irmãozinho, caindo no plano perfeito dele: não revelar
a gravidez nem para o pai ou a mãe dos dois. E aqui se forma o segundo ingrediente de um
novelão: o segredo.
O grande problema acontece na descoberta da gravidez algumas cenas depois, ainda nesse
primeiro capítulo, em meio a uma festa na mansão da família Khoury. Mas não se anime
muito. Não foi nenhum barraco daqueles que Gilberto Braga adora construir em suas novelas
e massacrar a sociedade conservadora carioca. Paloma discute com sua mãe e foge de casa,
deixando César, seu pai, enfartado no chão do escritório, para encontrar o seu príncipe
encantado, que a essa altura já foi solto da cadeia, e curtir uma balada por São Paulo. Sim, uma
grávida de nove meses reencontra seu amado e, no lugar de aproveitarem o tempo e ficarem a
sós, eles saem pela cidade que nunca dorme em busca de balada, sinuca e um bom pé sujo.
Tudo ia muito bem até que os pombinhos brigam e o que era doce se acabou. Paloma
descobre que Ninho, de príncipe, não tem nada. O cara vai embora e a deixa ali sozinha e
com a bolsa estourada em um banheiro nojento. Com a ajuda de Márcia do Espírito Santo,
vivida pela sempre ótima Elisabeth Savalla (que manda muito melhor quando faz pobre do que
RYCA), Paloma dá a luz a uma menina e desmaia. Como Márcia do Espírito Santo já fez a boa
ação de fazer o parto básico no banheirão, ela chama a ambulância e pica a mula do pé sujo,
afinal, ela não é obrigada.
Márcia vai embora, mas não sem antes esbarrar com Félix, a bicha má do oeste, que vê nesse quadro a situação perfeita para se livrar da irmã, que está moribunda
no chão podre do banheiro, como da sobrinha recém-nascida. Com o coração tão sombrio
quanto Scar, do Rei Leão, Félix, que ri na cara do perigo, leva a menina e sem a mínima ideia do
que fazer com ela, joga no lixo (Avenida Brasil, deu saudades. Mãe Lucinda, beijos!).

Enquanto Paola Oliveira sofria no banheirão, Gabriela Duarte (Luana) morria em uma mesa de
cirurgia junto ao filho que esperava de Bruno (Malvio Salvador). Ou seja, mesmo em novelas
que não são de Manoel Carlos, Maria Eduarda não vinga uma criança.
Atordoado com a morte da esposa e de seu carro, Bruno decide andar pelo centro de São
Paulo, que em 2001 não tinha tanto cracudo quando hoje. E no meio do caminho durante uma
chorada e outra, escuta os berros de uma criança. Assim, o primeiro capítulo termina como
Shonda Rhimes gosta: tragédia pra tudo quanto é lado e uma criança abandonada no meio.
Uffa! Quanta coisa em um só capítulo.
Mas se você acha que foi muita tensão e história
para um só dia, prepare-se que só um núcleo foi bem apresentado: Família Khoury. Ainda
falta conhecer um pouco mais sobre Bruno dos Santos Araújo (Malvino Salvador) e do
núcleo hospital, além de Tatá Werneck que ainda não deu o ar da graça e todos querem ver
piriguetear em uma novela do Wolf.
O grande destaque de Amor à Vida foi a direção e os excelentes atores que conseguiram dar
credibilidade a um texto didático e simples. Walcyr, infelizmente, não tem a mesma riqueza
de diálogos dignos das tramas de Manoel Carlos ou das boas sacadas de personagens de João
Emanuel Carneiro. Carrasco abusa das falas de efeito, o que faz com que seus personagens
possuam um linguajar mais duro e distante da realidade. Mas é novela, pra quê ser real, não
é mesmo? Só que quanto mais irreal, mas difícil o público se apegar aos personagens e torcer
por eles.
Sinto que a mocinha Paloma terá problemas junto a torcida feminina da novela. Em nenhum
momento sua personagem mostrou personalidade. Ela foi levada facilmente por um cara que
conheceu em uma viagem, assim como acreditou, sem questionar, no plano de seu irmão.
Sendo que usou dessa saída fácil porque não queria enfrentar as consequências de seus
atos perante seu pai e mãe. Já Ninho, do ótimo Juliano Cazarré, ou sairá da trama enquanto
pode ou será realocado em breve para o núcleo de comédia já que os mocinhos são Paloma
e Bruno. Entre o ato infantil de Ninho em não querer assumir um filho da mulher que ama e
o sofrimento de Bruno por perder mulher e filho na mesma noite, acredito que o público irá
torcer por ele, só resta saber para ficar com quem.
Pelo primeiro capítulo só posso avaliar que o núcleo principal é bastante sombrio e só Félix,
que tem a missão de ser vilão e bicha má enrustido de hetero, teve seus bons momentos
ao lado de Pilar, sua mãe na trama e interpretada pela excelente Susana Vieira – que fazia
falta em novelas. O único problema é que os dois personagens abusaram de sarcasmos e
alfinetadas, saída de praticamente todos os vilões de sucesso do horário. Resta saber se será
só disso que iremos sobreviver nos próximos meses até a chegada de Manoel Carlos e suas
Helenas do Leblon.
Por Laura Reis
5 comentários:
Concordo com muitos pontos levantados por você, mas tenho de admitir: gostei dessa estreia.
O comportamento da mocinha foi meio ridículo, mas eu também achava Nina um tanto quanto incoerente e, mesmo assim, gostava dela em Avenida Brasil.
Além disso, acho que Mateus Solano será um vilão diva inesquecível. Sem contar que há tempos não temos um bom vilão masculino na televisão (mesmo ele sendo esse viadão com tiradas ótimas até o momento).
Pode ser que tudo desande, mas vou continuar assistindo, afinal, um fato é inegável: em apenas um capítulo, Amor à Vida foi infinitamente superior à Salve Jorge!
Mas a verdade verdadeira? Vivo a me perguntar: falta muito pra 2015 e pra uma nova novela de João Emanuel Carneiro? ;-)
Sabe o que é pior? Conheço um monte de gente com essa síndrome de paloma aí... que começa tudo e não termina nada... que larga tudo por um sonho furado... que faz besteira e depois não sabe como contar pra família... ixe... tá cheio de gente assim...
Mas foi mesmo muita história pra um capítulo só...
Sinceramente, gostei do primeiro capítulo, mesmo sendo óbvio que Paloma não e filha legítima de Pilar, ficou claro que ela é filha bastarda de Cesar e que foi aceita na família, Pilar confirmou isso quando se negou a doar sangue à filha no segundo capítulo. Ta na cara também que vai rolar um romance entre Paloma e Bruno e que a novela vai girar em torno dela criando a própria filha sem saber.
Agora o pior ficou por conta da externa filmada no Centro do Rio de Janeiro numa rua conhecidíssima dos cariocas para a cena de desova da criança na lixeira, afinal a novela não se passava em São Paulo?
Parabéns para o Mateus Solano, show de interpretação, tá perfeito, cruel e sarcasticamente ácido como um bom vilão deve ser.
Um único capítulo foi melhor que toda a novela Salve Jorge.
Nossa,adorei seu post,muito inteligente e divertido.Sem querer puxar saco mas concordei com tudo e apesar de adorar a Paola Oliveira,acho que sua personagem deve ter logo um "amadurecimento" para que o público realmente torça por ela.Acho que a trama tem tudo ou quase tudo para dar certo,é so esperar pra ver.Mais uma vez,parabéns,muito boa sua sacada da trama.
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