Conhecia os contos de Alexandre
Melo de quando ele os escrevia em seu blog. Obviamente, existe uma linha tênue
entre algo voltado para internet, virtual, mas que quando ganha ares físicos
tem um sabor bem diferente. Pelo menos para mim funciona assim. Eu sempre
prefiro ter os livros em minhas mãos. Lembro de um professor da faculdade que
tem uma ideia diferente, mas são opiniões e, por serem opiniões, apenas
respeita-se. Ou aprende-se.
Alexandre Melo tem uma escrita
assim. Ou gosta-se e entra no mundo um tanto obscuro que ele construiu, ou
apenas respeita-se e tenta-se entender o caminho tortuoso que ele preferiu
utilizar ao escrever este que é seu primeiro livro de contos.
Maré Vazante e Outras Estórias se
aprofunda dentro do universo homossexual, mas pode ser a história de qualquer
pessoa que se dispôs a cair de cabeça nos relacionamentos que ele conta em seu
livro. Cada um daqueles 12 contos tem uma energia elíptica. Percorrem caminhos de
dor, penúria, solidão, sofrimento e, às vezes, apenas paixão, que pode ser vazia
no fim. Existe uma exceção, o conto O
Não Sexo, quebra a hegemonia presente nos demais; não obstante é o melhor conto
do livro, mas por mim faria parte de uma outra coletânea, não dessa.
Compreendo que Alexandre Melo
tenha procurado utilizar da tragédia em seus contos, influenciado pelo cinema e
a literatura que usaram (e abusaram) da forma como retrataram a homossexualidade
durante tanto tempo. Existem ecos de vários destes clássicos e isso não é ruim.
Para mim, o senão do livro seria a falta de um melhor exercício literário. Seus
contos remetem a cultura pop lado B, o que me pareceu proposital, afinal, ele mora no centro de São Paulo e absorveu tudo isso. Não existe sofisticação,
os relatos são crus, muitos deles narrados na primeira pessoa, o que prejudica
um pouco a gama de possibilidades que o autor poderia ter.
Para alguns leitores, os contos soarão datados ou poderão parecer remeter a algo já lido em algum
lugar, mas não faz mal, a vida sempre lembra a vida de outrem, não é
mesmo?
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